Federação Paranaense de Basketball entrevista Lorran Rodrigues Bono, jovem técnico da ABASFI de Foz do Iguaçú

O entrevistado de hoje aqui no site da Federação Paranaense de Basketball é sem dúvida um dos mais promissores técnicos do nosso estado. Lorran Bono, que iniciou sua carreira em Terra Rica, hoje atua nas equipes da Abasfi, de Foz do Iguaçú e é o treinador principal da Seleção Paranaense Sub13 Feminina.

Lorran começou a se destacar na cidade de Terra Rica, conquistando expressivos resultados em competições de categorias de base e escolares. Recentemente, o técnico passou a integrar as equipes de Foz do Iguaçu, onde se junta a outros grandes treinadores e busca desenvolver ainda mais o seu trabalho.

Confira a ótima entrevista do Professor Lorran:

 

1 – Qual seu nome e origem? E quando e onde começou o basquete na sua vida? Quando começou com a carreira de técnico?

R:  LORRAN RODRIGUES BONO, natural de Diamante do Norte-PR. Infelizmente, não tive a oportunidade de vivenciar o basquete na minha infância e adolescência, pois vivi em uma cidade muito pequena, que possui uma cultura futebolística conservadora. Sendo assim, o primeiro contato com o Basquetebol foi na Faculdade. A partir daí, interessado pelo assunto, comecei a acompanhar e estudar indiretamente. Após a formação acadêmica ingressei no primeiro emprego, em que o desafio foi conduzir as equipes de basquetebol da cidade de Terra Rica-PR, onde tive o crescimento profissional, com muito estudo, dedicação e paixão.

 

2 – Quais foram seus principais títulos? (FPRB, Jogos Oficiais do estado etc).

R: Taça Paraná Sub-12 Feminina (2017)

Sul-Brasileiro de Seleções Sub-13 Feminino (2017) Obs.: Aux. Técnico

Taça Paraná Sub-14 Masculina (2019)

Jogos Escolares do Paraná – Fase Final B – Feminino (2019)

Jogos Escolares da Juventude Brasileiros – Fase Regional Amarela – Feminino (2019)

Campeonato Estadual Sub-13 Feminino (2019)

 

3 – Trabalha com masculino e feminino? E por que não trabalha com a outro gênero? Se trabalha com os 2, qual a principal diferença?

R:  Sempre trabalhei com Masculino e Feminino. A principal diferença a ser destacada, é o compromisso. Em um comparativo entre todas as turmas que tive o prazer de conduzir, as meninas, sempre foram mais comprometidas do que os meninos. Devido a maturação precoce do gênero feminino, confrontando com o masculino, elas entendem mais cedo a importância de cada detalhe do processo de evolução. Porém, eu destaco no masculino, as capacidades físicas mais desenvolvidas, onde podemos exigir mais no dia-a-dia de treinamento. Sigo uma linha tecnicista, por isso, me agrada também o trabalho com o masculino, pelo motivo citado anteriormente. Sendo assim, não tenho uma preferência, gosto de ambos.

 

4 – Você trabalha sozinho ou tem alguma equipe de Comissão Técnica trabalhando junto?

R: Durante seis anos atuei só. Período esse, onde tive uma considerável evolução, pois tinha que me “desdobrar“ para realizar todas as funções exigidas dentro da construção de uma equipe.  Há 2 anos, venho contando com um(a) estagiário(a). Fato que contribui muito para com o cotidiano de um grupo. Divisão de funções, troca de ideias, opiniões diversificadas, são exemplos de benefícios que um colega de trabalho pode trazer para dia-a-dia de treinamentos. Hoje, além de poder dividir a quadra com um(a) estagiário(a), tenho o prazer de fazer parte de um seleto time, com vários técnicos de altíssimo nível, com resultados significativos no basquete, a nível estadual e até nacional, por exemplo: Cláudio Lisboa, Douglas Stapf, Marcelo Oliveira, Ivan Marques e Leão.

 

5 – Quais as dificuldades que você encontra para o trabalho de hoje em dia? Está melhor do que quando começou?

R: Acredito que dificuldades sempre irão existir, principalmente quando estamos em constante evolução, sempre falta alguma coisa, cito: pouca quantidade de equipes, distância entre os principais polos de basquete do estado, descompromisso por parte de atletas e pais de atletas com a equipe, falta de condições financeiras, dentre outras. Considero uma vasta melhora num contexto geral. Partindo de cima para baixo: organização da entidade máxima que rege o basquete nacional, notável evolução da FPRB com a nova gestão, sensibilidade por parte dos técnicos em trocas de ideias e na concordância sobre a necessidade de pensamentos mútuos, estreitamento de relações entre pequenas e grandes potências do basquete brasileiro, etc.

 

 

6 – Quais as dicas que você tem para o atleta que está começando hoje? E para os técnicos novatos, quais as dicas/sugestões?

R:  Para ambos, a principal dica que eu posso dar, é: Nunca é tarde! É uma lição tirada de minha trajetória, que começou tardiamente para um padrão geral, tendo em vista que eu não passei pelo processo de atleta da modalidade. Porém, se houver fé, entrega, dedicação, ambição e principalmente amor, é possível crescer e atingir o considerado “inatingível“ até o momento.

 

7 – Vamos aprofundar mais nosso assunto. O técnico ao longo da sua carreira vai criando uma filosofia de jogo própria. Fale um pouco de como você organiza seu time no ataque. O que é importante para você que o atleta aprenda na sua filosofia?

R: O ingresso tardio nesse meio, me fez ter uma evolução gradativa. Durante os cinco primeiros anos de trabalho, incluía e excluía elementos constantemente, tentando encontrar o “sistema ideal“. Como minhas principais equipes sempre foram as de até 14 anos, me convenci, ou melhor, me convenceram de que o fundamento técnico/tático individual é a melhor arma ofensiva nas categorias iniciais. Assim, adotei os sistemas de 4 e 5 abertos simples, de Passing Game, facilitando o jogo de 1×1. Hoje, trabalho única e exclusivamente com categorias menores de 14 anos, e meu esquema ofensivo segue partindo do princípio de desenvolvimento de recursos individuais, destacando: variações de bandejas, variações de passes, variações de fintas de recepção, molde de arremesso, etc.

 

8 – E na defesa? O que você prega para sua equipe? Se algum outro técnico olhar sua equipe defendendo, como você acha que ele descreveria seus sistemas defensivos?

R: Confesso que sempre existiram muitas falhas defensivas em meus times. Tenho várias lembranças de equipes individualmente qualificadas ofensivamente, mas com muita dificuldade para defender. Mas hoje, assim como no ataque, gosto dos trabalhos individuais, porém reservo a maior parte do treinamento defensivo para as leituras de defesa coletiva, com “ajudas“, “coberturas“ e “rotações“, em resumo, o “Shell Drill“, com algumas adaptações particulares.

 

 

9 – Nós técnicos, muitas vezes nos pegamos fazendo auto críticas, importantes para nosso próprio desenvolvimento. Qual teu ponto fraco, ou mais débil? Enxerga alguma falha que pensa ter que mudar para evoluir mais?

R: Pertinente. Ainda existem falhas na execução do trabalho, muitos pontos a serem melhorados. Destacarei alguns: o perfeccionismo excessivo, o controle emocional, o pessimismo constante com situações rotineiras, o equilíbrio de relações com atletas, a empatia perante a situações comuns no dia-a-dia de crianças e adolescentes, dentre outros. Porém, me vejo em constante evolução e acredito que o reconhecimento das falhas, é o primeiro passo para a correção das mesmas.

 

 

10 – Qual seu técnico guru, aquele que você se espelha ou tenta obter a maior quantidade de ideias?

R: Cometeria uma irreparável injustiça se citasse apenas um. A gratidão, modéstia à parte, é uma das minhas principais qualidades. Procuro lembrar de todos(as) aqueles(as) que contribuíram para o meu crescimento pessoal e profissional. Sendo assim, destaco meu irmão, Maycon R. Bono, um técnico de futebol/futsal, como minha principal influência dentro da profissão. O professor Carlos Magno, hoje no Pato Basquete, como o cara que me fez acreditar que poderia alcançar voos mais altos. O Professor Douglas Stapf, hoje meu colega de trabalho em Foz do Iguaçu, foi o técnico que me deu um “norte“, o que mais compartilhou informações para facilitar o processo de construção de uma equipe. Além de nomes como: Arody, Francioli, Paulino e Stela. Pessoas que me acolheram dentro de suas casas, que estiveram sempre dispostos a me ajudar em qualquer situação durante a minha trajetória até aqui. Por fim, cito o Professor Paulo Rogério de Altônia, pessoa que evoluiu junto comigo, um dos mais otimistas com quem já trabalhei. Mesmo pontuando minhas principais influências, não posso deixar de lembrar da admiração que tenho pelo amor com que trabalha o Professor Marival de Londrina, da didática aplicada pelo Professor Mariano Marcos da Argentina, a consistência das equipes do Professor Alexandre Pessoa do Círculo Militar, e claro, o faro de título do Professor Cláudio Lisboa. Até com o exagero de citações, acredito ter cometido injustiças com várias outras benéficas influências. Enfim, me acho no direito de ter vários gurus, pois sou o mais novo da “turma“ (risos).